PRÉ-MODERNISMO
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O termo Pré-Modernismo foi criado por Tristão de Ataíde para designar o período cultural brasileiro que vai do princípio deste século à Semana de Arte Moderna."Deve-se entendê-lo em dois sentidos, nem sempre coincidentes:

1. dando ao prefixo "pré" uma conotação meramente temporal de anterioridade;

2. dando ao mesmo elemento um sentido forte de precedência temática e formal,  em relação à literatura modernista."                  (Alfredo Bosi)

Localização cronológica:
1902: Os Sertões, de Euclides da Cunha.
1922: Semana de Arte Moderna.

MANIFESTAÇÃO ARTÍSTICA

NO BRASIL

Foi nesse contexto que a música popular brasileira: maxixe, toada, modinha e serenata - começou a ganhar os salões sisudos onde, até então, só entravam a polca e a valsa. Essa aceitação da música popular brasileira por parte da elite deu-se a partir do momento em que compositores “sérios” começaram a se interessar pelos ritmos considerados populares.

O carnaval começa a se firmar como a principal festa popular do Rio de Janeiro. Em 1901, Chiquinha Gonzaga divulga a célebre marcha “Abre Alas” e, em 1907, surge a primeira sociedade carnavalesca do Rio de Janeiro.

Movimento vanguarda

Entende-se por vanguarda, o conjunto de manifestações artísticas que surgiram em torno da Primeira Guerra Mundial, compreendendo-se o período que a antecedeu, o período da guerra e o período que a sucedeu, enquanto o mundo se preparava para a Segunda Grande Guerra.

Cronologicamente, a vanguarda europeia apresenta os seguintes principais movimentos estéticos: Futurismo, Cubismo, Dadaísmo e Surrealismo.

O estudo de cada uma dessas vanguardas é importante para observar até que ponto elas interferiram no surgimento do Modernismo brasileiro.

Futurismo

Futurismo foi um movimento que produziu mais manifestos do que obras propriamente ditas. Cerca de trinta manifestos, lançados de 1905 a 1919, permitem traçar três fases para o movimento futurista:

 

 

a) de 1905 a 1909: em que o verso livre é a principal reivindicação;

b) de 1909 a 1914: em que os futuristas batem-se, sobretudo, pela chamada “imaginação sem freios” e pela “palavra em liberdade”;

c) de 1919 em diante: em que o Futurismo adquire uma coloração política, tornando-se porta voz do Fascismo.

Alguns exemplos de poesia brasileira que incorporaram o verso livre e as palavras em liberdade:

“E a manhã
noiva
invernal
humidecida,
Névoas
Ventos
Gotas de água,
Se desenrola que nem novelo de fofa lã”

(Mário de Andrade)

Cubismo

O termo cubismo, surgido na pintura, designa um modo de expressão em que o artista fraciona o elemento da realidade que está interessado em representar e depois o expressa através de planos superpostos e simultâneos.
Os nomes mais importantes do Cubismo são: Picasso, Fernand Leger, Mondrian, Delaunay.
 
Na Literatura, o principal representante dessa corrente é o poeta francês Guillaume Apollinaire.Não há um manifesto da poesia cubista. Um trecho do artigo “Meditações estéticas sobre a pintura”, de Apollinaire (1913) mostra alguns aspectos das reivindicações cubistas.
 
 “Os grandes poetas e os grandes artistas têm por função social remover continuamente a aparência que reveste a Natureza, aos olhos dos homens. Sem os poetas, sem os artistas, os homens se aborreceriam depressa com a monotonia cultural.
 
 A ideia sublime que eles têm do Universo cairia com vertiginosa rapidez. A ordem, que aparece na Natureza e que não é senão um efeito da  arte, logo se evaporaria. Tudo se desmancharia no caos. Não mais estações, não mais civilização, não mais pensamentos, não mais humanidade, não mais vida, e a imponente escuridão reinaria para sempre. Os poetas e os artistas determinam e consertam a imagem de sua época e  docilmente o futuro se amolda ao seu gosto.”

Dadaísmo

Foi o mais radical dos movimentos de vanguarda europeia do início do nosso século.Tristan Tzara, o líder do movimento, afirma que dadá, palavra que ele encontrou casualmente ao colocar uma espátula num dicionário fechado,  pode significar: rabo de vaca santa, mãe, nome de um cavalo de pau, certamente, a ama de Ieite. Mas o próprio Tzara acaba por afirmar que  dadá não significa nada.

Por aí, já podemos entender que o Dadaísmo é a negação total, a apologia do absurdo e do incoerente. Fenômeno típico da guerra, o Dadaísmo  é um processo contra a civilização que conduzira a sociedade ao conflito mundial.

Os dadaístas não propõem nada, apenas a destruição, pois se lançam contra todos os valores culturais que Ihes parecem sem lógica, procurando um mundo mágico, muito semelhante ao mundo infantil. Por isso, a proposta dos dadaístas é a construção de uma antiarte. Decorre daí que as  características de uma obra dadaísta são a improvisação, a desordem e a absoluta ausência de equilíbrio.

“RECEITA” DE POEMA DADAÍSTA:

“Pegue um jornal.
Pegue a tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que
você deseja dar ao seu poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida com atenção algumas
palavras que formam esse artigo e meta-as num saco.
Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço um após o outro.
Copie conscienciosamente na ordem em que
elas são tiradas do saco.
O poema se parecerá com você.
E ei-lo um escritor infinitamente original e de
uma sensibilidade graciosa, ainda que
incompreendido do público.”

(Tristan Tzara)
 
Dadaísmo

Em 1924, André Breton, um poeta francês, lança o Manifesto do Surrealismo, dando início àquele que seria, cronologicamente, o último movimento  da vanguarda europeia dos anos 20.

O Surrealismo apresenta ligações com o Dadaísmo e o Futurismo. Lutando pela elaboração de uma nova cultura, os surrealistas propunham a  destruição da sociedade e sua recriação a partir de novas técnicas. Nesse aspecto, divergem dos dadaístas, que tinham apenas caráter destruidor.

Em termos de expressão artística, a grande novidade apresentada pelo Surrealismo foi a escrita automática, ou seja, um método em que o escritor deve deixar-se levar pelos seus impulsos, registrando tudo que lhe for ditado pela inspiração, sem se preocupar com a ordem, a lógica, ou quaisquer  outros fatores que possam representar coerção de seu espírito criador.

Os surrealistas procuram atingir uma outra realidade, situada no plano do subconsciente ou do inconsciente, realidade que é diferente da realidade empírica, da realidade objetiva.
Por isso, o sonho passa a ser a grande arma de conhecimento proposto pelos surrealistas. No sonho, a realidade e a irrealidade, a lógica e a fantasia coexistem com perfeição.

A fantasia, os estados tristes e melancólicos atraem muito os surrealistas e, nesse aspecto, suas técnicas de penetração do espírito humano  se aproximam daquelas utilizadas pelos românticos.

São nomes importantes do Surrealismo:
a) Na pintura: Salvador Dali, De Chirico e Hans Arp;
b) No teatro: Antonin Artaud;
c) No cinema: Luis Buñel;
d) Na literatura: Paul Éluard e André Breton.

Leia, agora, um texto surrealista:

AS REALIDADES

“Era uma vez uma realidade
com as suas ovelhas de lã real
a filha do rei passou por ali
E as ovelhas baliam que linda que está
a re a rea a realidade.
Na noite era uma vez
uma realidade que sofria de insônia
Então chegava a madrinha fada
e realmente levava-a pela mão
a re a re a realidade.
No trono havia uma vez
um velho rei que se aborrecia
e pela noite perdia o seu manto
e por rainha puseram-lhe ao lado
a re a re a realidade.
CAUDA: dade dade a reali
dade dade a realidade
A real a real
idade idade dá a reali
ali
a re a realidade
era uma vez a REALIDADE.”

(Luis Aragon)

Características

O Pré-Modernismo é um movimento literário tipicamente brasileiro. Convencionou-se chamar de Pré-Modernismo o período anterior à Semana de Arte Moderna de 1922. Didaticamente, esse movimento literário tem início em 1902 com a publicação do livro Os Sertões, de Euclides da Cunha e com a publicação do livro Canaã de Graça Aranha. O Pré-Modernismo é um período de transição, pois ao mesmo tempo em que encontrávamos produções conservadoras como as poesias parnasianas e simbolistas, encontrávamos as primeiras produções de caráter mais moderno, preocupadas com a realidade brasileira da época.

Veja as principais características do Pré-Modernismo brasileiro:

Ruptura com o passado = As novas produções rompem com o academismo e com os modelos preestabelecidos pelas antigas estéticas.

Denúncia da realidade = A realidade não oficial passa a ser a temática do período.

Regionalismo = São retratados o sertão nordestino, o interior paulista, os subúrbios cariocas, entre outras regiões brasileiras.

Tipos humanos marginalizados = Nas obras desse período, encontram-se retratadas muitas figuras marginalizadas pela elite, como o sertanejo nordestino, o caipira, o mulato, entre outros tipos.

Veja os principais autores do Pré-Modernismo brasileiro:

• Euclides da Cunha
• Lima Barreto
• Monteiro Lobato
• Graça Aranha
• Augusto dos Anjos *

Euclides da Cunha = retratou a miséria do subdesenvolvido nordeste do país.
Lima Barreto = retratou a vida carioca urbana e suburbana do início do século XX.

Monteiro Lobato = retratou a miséria dos moradores do interior do sudeste e a decadência da economia cafeeira.
Graça Aranha = retratou a imigração alemã no Espírito Santo.
Augusto dos Anjos * = apresenta uma classificação problemática, não podendo ser apenas estudado como um autor pré-modernista. Sua obra apresenta elementos de várias estéticas. Mas para fins didáticos costuma-se estudá-lo como pré-modernista.